VIAGENS NO ASTRAL

REVISTA VEJA

TURISMO

FABIO SCHIVARTCHE

PARA QUEM GOSTA, HÁ FARTURA DE PROGRAMAS EM LUGARES CHEIOS DE LUZ, ENERGIA E ESOTERISMO.

“Uma cruzada em busca da verdade e da soberania cósmica do ser”, anuncia o folheto do cruzeiro que parte em abril do ano 2000 de Haifa, em Israel, e percorre cidades místicas do Mediterrâneo, como Alexandria e Istambul. Quer participar? Então prepare-se. Você vai descobrir qual a verdadeira influência dos alienígenas na evolução humana e ficar sabendo que a religião dos faraós era, na realidade, um culto planetário com embasamento em teorias astronômicas. Alguns ainda vão conseguir dar o salto quântico genético, uma espécie de revolução interior que permite reprogramar nossa memória celular e acessar os mistérios da realidade cósmica, fielmente preservados no DNA. Entendeu? Bem, Carmen Viana, mãe da teoria do salto quântico genético e organizadora da viagem, tenta explicar: “Por meio da inversão da polaridade do campo magnético de seu corpo, o paciente faz uma expedição por experiências do passado para que possa construir o presente apagando as impressões negativas da mente”. Hum… Mas atenção: pouco mais de 200 pessoas poderão participar dessa revelação, em onze dias a bordo do luxuoso navio Seabourn Spirit com direito a palestras de especialistas internacionais. O preço: de 7.800 a 16.000 dólares por pessoa, uma bagatela se levados em consideração os benefícios que o cruzeiro promete realizar. E tem gente que já reservou seu lugar a bordo. É o caso de Dorita Moraes, viúva do colunista Zózimo Barrozo do Amaral, que diz ter sarado de uma hérnia que a incomodou por quatro anos depois que reprogramou sua memória celular. “Vai ser uma viagem interna”, afirma Dorita.

O cruzeiro no Seabourn Spirit é apenas uma das dezenas de opções de turismo místico oferecidas por agências de viagens e grupos esotéricos. Um mercado que, de acordo com a Associação Brasileira de Agências de Viagens, vem crescendo ano a ano e, em razão da fantasia coletiva em relação ao novo milênio, tornou-se um negócio lucrativo… 

Quem pode querer mais?