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JORNAL O DIA

EMPRESÁRIA FAZ CURAS ALTERANDO DNA E ENSINA TÉCNICA PARA RICOS NUM CRUZEIRO MÍSTICO.

SIMONE RUIZ

 

Sofrer de impotência ou frigidez? Tem l,50m e queria ter l,80m? É viciado? Seus problemas terminaram. Basta alterar o seu DNA.

Quem garante é a ex-empresária Carmem Viana. No que seria um sen-sa-cio-nal drible nos maiores cérebros da Ciência mundial, ela afirma ter descoberto um método de engenharia genética capaz de curar com o poder do cérebro qualquer mal físico ou mental; Câncer e Aids, inclusive.

Convencidas do poder da mente de Carmem, 200 pessoas pagarão de 8 a 16 mil dólares para participar de um seminário místico promovido por ela, num navio seis estrelas, em cruzeiro pelo Mar Mediterrâneo. “Nosso corpo é um computador, com memória celular, onde está armazenado em disquete nosso código genético, ou DNA. Acessando essa memória com a técnica que chamo de processo, podemos nos reprogramar e deletar defeitos como depressão, acidentes, vícios e doenças incuráveis”, afirma Carmen que, em 12 anos conquistou clientes fiéis como Dorita Moraes Barros, viúva do jornalista Zózímo Barrozo do Amaral.

Até julho de 2000, Carmem só tem seis vagas para atender clientes em casa, mas ainda há cabines no navio, batizado de Arca de Noé do Terceiro Milênio. 

O DIA – A senhora diz que o processo cura Aids, mas cobra RS 1 mil por consulta e não revela como. Essa atitude não é pouco humanitária?

CARMEN – Não acredito em caridade. Estudei 30 anos e tudo tem um preço. Mas quem participar do cruzeiro, vai aprender a se auto-processar sem a minha ajuda. Vou revelar minha técnica pela primeira vez. Só não poderão aplicar o processo em terceiros.

O DIA – A senhora não faria um desconto para doentes pobres?

CARMEN – Cito dezenas de clientes que conseguiram dinheiro para o processo com a força do pensamento, como uma senhora lavadeira, mãe de um rapaz soroposivo. Eu disse que não podia diferenciar sua dor da de outros. Quatro meses depois, ela sonhou que eu lhe passava números, jogou na loteria e ganhou R$ 42 mil, o suficiente para tratar dela e do filho.

O DIA – O que o roteiro turístico tem a ver com o processo?

CARMEN – Voltando aos berços da civilização, entenderemos a História da humanidade e nossas vidas passadas. Por isso, estou levando oito cientistas e arqueólogos, das maiores universidades do mundo, para falar de suas descobertas nos locais de pesquisa.

O DIA – Qual a diferença entre processo e regressão?

CARMEN – Na regressão a pessoa é hipnotizada e entra na onda do inconsciente coletivo. É como jogar uma criança numa loja de brinquedos. Ela vai pegar o que interessa. Como é possível terem existido 300 Cleópatras? No processo, as pessoas também descobrem que foram assassinos, mendigos, estupradores e etc… Não utilizo drogas ou aparelhos, trabalho apenas com o potencial do cérebro.

O DIA – O processo pode alterar caraterísticas físicas?

CARMEN – Claro. Tive uma cliente que estava infeliz com seu 1,45m. Em dez dias, cresceu cinco centímetros. E sou totalmente contra plásticas; uma lipoaspiração nas coxas me causou danos irreversíveis. Morava nos Estados Unidos e sofria limitações do corpo da brasileira. As calças não me passavam das pernas.

O DIA – Por que a senhora não se auto processou?

CARMEN – Não tinha descoberto o método. Agora não faço porque tenho outras prioridades. Apliquei o processo pela primeira vez aos 38 anos, quando me salvei da morte por infarto. Hoje tenho 50, mas pareço menos porque parei de envelhecer. Não vou morrer.

O processo nos torna imortais.

O DIA – O cliente fica internado de cinco a 10 dias na sua casa. Pode sair e voltar?

CARMEN – Não, é perigosíssimo porque, com a memória celular aberta, ele poderá captar qualquer onda mental no ar. Pode entrar em pânico, desmaiar e até precipitar uma programação, como a de ser atropelado daqui a 40 anos. Um cliente cismou de interromper o processo para ir a Búzios sem me avisar. Morreu num desastre que tinha visualizado.

O DIA – Processo ou Viagra?

CARMEN – Curei um homem impotente que carregava a herança genética de uma castração na Idade Média. Com esse carma, nem Viagra. Uma cliente descobriu que era frígida porque foi da tribo africana que extirpa o clitóris das mulheres.

DEPOIMENTOS

DORITA MORAES BARROS, 50, viúva de Zózimo Barrozo do Amaral “Carmem deletou da memória celular de minha filha, Gabriela, a morte do irmão, Marcos, em acidente num carro vermelho. Meio incrédula, Gabriela pediu que Carmem apagasse só a morte porque Marcos andava precisando levar um susto. Meses depois, eu e Zózimo encomendamos um Gol preto para o aniversário dele. A cor estava em falta e a loja mandou um vermelho. Marcos teve o desastre no lugar onde Gabriela previu, mas não teve um arranhão. Meu livro, Relatos de uma Alma, sobre minha vida com Zózimo, começa a partir de uma visão que eu tive no processo. Imagens de vidas passadas surgiram nítidas como numa tela de TV. Se o tratamento é caro? Custa muito dinheiro, mas quanto vale uma vida? Zózimo não foi salvo, mas teve experiências deslumbrantes que vou contar no livro.”

CLÁUDIO MANUEL DA SILVA, 50, empresário “Há nove anos comecei a sentir uma dor fortíssima no pescoço. Fiz todos os exames e procurei dezenas de médicos. Nada resolveu. Este ano, estava a ponto de pedir exoneração do cargo de presidente de uma multinacional por invalidez, quando fui apresentado a Carmen. Fiz 10 dias de processo e saí curado. Descobri que em diversas vidas passadas tinha sofrido humilhações e pressões. Carmen simplesmente apagou essa herança genética do meu DNA. Não acho que ela devia tratar de pessoas pobres por caridade. Ninguém dá valor ao que é de graça.